27° dia - Camp Wood à Vanderpool

Choveu muito durante a noite. Nesta região, não chovia a muito tempo. Os locais devem estar contentes, mas justo quando estávamos aqui?
Amanheceu frio, nublado e úmido. Alguns dizem que a previsão é de permanecer assim sem chuva o dia todo.
Estava apreensiva. Seriam apenas 39 milhas / 62,7 km, com subidas e descidas íngremes (tudo o que sobe, desce!).
A temperatura girava em torno de 50°F / 10°C. Senti algumas gotas de chuva ao calibrar os pneus e coloquei a roupa própria para chuva. Duas luvas; meia-calça + calça + calça impermeável; manga comprida + casaco; cobertura para o sapato de bike; bandana e cobertura para o capacete.
Saí junto com Flo às 9 h, numa paisagem linda, com ar gélido! Não consigo abandonar a fantasia de "bandida". A bandana no rosto me protege nariz e boca e facilita a respiração.
Saímos do Woodbine Motel viramos â direita na estrada rancheira 337.
Paisagem belíssima pelos ranchos, nessa manhã fria, com o dia "acordando".
Na milha 8 a bicicleta da Flo começou a dar problema na marcha e ela teve que parar. Justamente no ponto onde nosso mapa assinalava início de uma subida difícil. Deixei-a na beira da estrada e fui subindo. O SAG car estaria na milha 12, após as subidas. Quando chegasse lá, avisaria a Moira (SAG driver do dia) para voltar e buscar Flo.
As subidas eram íngremes e eu fui vencendo. Passei por Jo, subindo um trecho empurrando a bicicleta. A bandana me protegia os ouvidos, nariz e boca e facilitava a respiração. Muita altitude, muito frio...
Parei na primeira parada de apoio, reenchi minhas garrafas e não tive como tirar as luvas para comer de tão frio! Moira me ajudou. O pior foi fazer "xixi selvagem" retirando as camadas de roupa que me mantinham aquecida... O local que pisei estava tão úmido que a terra úmida encheu o solado dos meus clips. Moira e Judi Rozelle me ajudaram a limpá-los para poder continuar pedalando.
O frio era tanto que meus pés e mãos ficavam dormentes e eu mexia os dedos dentro dos sapatos e vez por outra eu alternava minhas mãos para trás.
Continuava subindo... Frio... Ar gélido...
A paisagem do alto, linda! Estrada sem acostamento, mas com poucos carros.
Pouco antes de chegar à Leakey, uma descida longa e íngreme, forçou minhas mãos a trabalharem mais no freio. Mas o frio intenso, somado à velocidade da descida, me fez parar, descansar, beber água, aproveitar para tirar fotos. Minhas mãos estavam dormentes pelo frio e esforço com os freios. Era muita tensão!
Quando acabou a descida e cheguei à Leakey, avistei a van e chorei. A temperatura estava na casa dos 46°F / pouco menos que 8°C! Perguntei à Carol se o frio continuaria e se haveria mais descidas íngremes como aquela. A resposta foi afirmativa para as 2 perguntas.
Decidi parar! Pedalei 22 milhas / 35,4 km e com aquele frio... Bastava para mim!
Ao entrar na van, encontrei outras ciclistas que tomaram a mesma decisão. Meu corpo estava com tanto frio, minhas mãos tão rígidas, que não conseguia retirar minhas luvas. Barbara e Evelyn fizeram isso por mim e esfregaram suas mãos nas minhas, aquecendo-as! Lágrimas corriam na minha face. Alívio de estar na van.
Quando chegamos à Vanderpool, no "Fox Fire Cabins", a temperatura continuava em torno dos 8°C. Local agradável em meio a um bosque próximo ao rio Sabinal. Acreditem, a água do rio estava fria, porém mais suportável que o ar. Eu e Julie resolvemos mergulhar no rio! 3 mergulhos e corrida pra cabana!
Nossas guias ficaram numa grande cabana, com ampla cozinha, lareira e sala de estar. No jantar e o café da manhã de amanhã seriam lá, bem quentinho.
As cabanas são equipadas com cozinha e seus utensílios, lareira e aquecedor elétrico e 3 quartos. Dividi a cabana "flaming arrow" com Donna e Jan. Ótimas companhias.
O jantar foi agradável, aquecido com bom papo e lareira. Tomei 2 copos de vinho tinto...
De sobremesa, tivemos "S-more", que é sanduiche de cream-cracker com chocolate amargo e marshmallow derretido no fogo da lareira... Foi uma delícia e divertido preparar!
Eu e Evelyn nos divertimos tocando o piano que encontramos.
É bom terminar a noite rindo bem...


































26° dia - Bracketville à Camp Wood

Dormi tão bem que quase perdi a hora. O café da manhã foi marcado para 8 h e já eram 7:20!! Ainda bem que eu já deixei preparado o SAG car com gelo, água e lanches na noite anterior. Serei a SAG-motorista hoje.
O café da manhã foi mingau de aveia, suco de laranja, café com leite; para incrementar, amêndoas, passas e cranberry. Ah, que saudade da bisnaga brasileira, quentinha com manteiga derretendo.... Humm...
Barbara, Pat Rush e Judi Rozelle foram dieto para Camp Wood na van. Fiz o check-in de todas e parti para a primeira para de apoio. Hoje teríamos 49 milhas / 78,8 km. O dia amanheceu nublado e fresco, mas combinamos que a parada de apoio seria a cada 15 milhas / 24 km ao invés de 20 milhas, devido ao calor. Assim, as ciclistas poderiam beber água e reencher com mais frequência.
Antes da primeira para de apoio, teve uma barreira de inspeção da Border Patrol, em plena estrada, obrigando os motoristas a pararem os veículos. O patrulheiro me perguntou se eu era cidadã americana (com essa cara?); orgulhosa, disse: -"não, sou brasileira" - já apresentando meu passaporte. Daí, a conversa mudou para onde está indo; cross-country, bikes,... Chamou a todas de bravas e corajosas.
Pedi para um deles tirar foto, como prova por ter "passado" na Border Patrol. Eles são educados e estão sempre na estrada, passando por nós ciclistas e cumprimentando!!
Beth e Judi Soule erraram o caminho e chegaram à parada de apoio de carona com o pessoal do Bubba's group. Pedalaram uma 10 milhas a mais naquele "chipseal"!
Na segunda parada de apoio, dei carona para Cher, Nancy e Evelyn, cpm suas bicicletas. Julie estava cansada, mas como não havia lugar no carro para Flo, ela decidiu pedalar, mais devagar, mas chegaram bem.
Pouco antes de chegar à Camp Wood, há uma ponte sobre o rio Nuences com um dique. Se estivéssemos num dia de sol e calor, algumas ciclistas estariam se refrescando.
Eu, Barbara, Pat Rush e Brenda ficamos num chalé de madeira num bosque a 1/2 milha do motel do restante do grupo.
Ótimo lugar. Após o jantar, já no chalé, eu, Brenda e Barbara ficamos conversando até tarde e ouvimos trovões, relâmpagos e a chuva impiedosa...
Fui dormir pensando no dia seguinte...